Os quadros de Magritte que Foucault vai analisar podem ser observados na postagem anterior. Ao comentar acerca da primeira versão (a que possui apenas um cachimbo) o autor afirma que ela é simples, pois o cachimbo representado não é o objeto, mas a representação dele, isto é, as letras desenhadas no quadro corroboram com a idéia do desenho.
É nesse ínterim que Foucault vai tratar acerca do caligrama. Fiquei curioso acerca dessa forma poética desconhecida por mim. Lembrei da poesia concreta, mas percebi que é diferente. Caligrama é uma espécie de pictograma. Analisando morfologicamente: picto vem de imagem e grama de grafia, ou escrita. Dessa forma, leva a crer que é uma junção entre a imagem e a escrita ou, até mesmo, escrever formando imagens. Na foto dessa postagem está uma caligrama de Apollinare, o primeiro a utilizar a palavra caligrama no séc. XX. As vanguardas do início do século citado anteriormente acabaram popularizando esse tipo de escrita/grafismo. O design do texto complementa seu sentido.
Segundo Foucault, o caligrama possui um tríplice papel:
Ø Compensar o alfabeto.
Ø Repetir sem o recurso da retórica.
Ø Prender as coisas na armadilha de uma dupla grafia.
Cito o autor francês: “Acuando duas vezes a coisa de que se fala; por essa dupla entrada, garante essa captura, pois o discurso por si só e o desenho não são capazes”.
No caso da tela de Magritte, o desenho do cachimbo prolonga a escrita e completa o sentido que está faltando. Dessa forma, segundo Foucault, o texto desenhado do pintor belga é duplamente paradoxal: 1) pretende nomear o que não tem necessidade de sê-lo e 2) no momento em que deveria nomear faz uma negação – isso não é um cachimbo.
São três as interpretações do enunciado desenhado com letras cursivas na tela da primeira versão de Magritte:
I. Isto (o desenho do cachimbo) – não é – um cachimbo.
II. Isto (o próprio enunciado desenhado na tela) – não é – um cachimbo.
III. Isto (o conjunto constituído por um cachimbo em estilo caligráfico e por um texto desenhado) não é um cachimbo (elemento misto que depende do discurso e da imagem) – não é um cachimbo.
“Magritte quer reconstituir o lugar-comum à imagem e à linguagem”. Existe uma série de negações – quadro, a frase escrita, o desenho do cachimbo – em que tudo não é um cachimbo. Curiosidade apontada por Foucault: as letras cursivas lembram a de um mestre que está ensinando uma turma a escrever.
Já estou ansioso pela próxima postagem em que comentarei esse livro, pois Foucault irá comparar as obras de Magritte com Paul Klee e Kandinsk. Esses dois últimos citados foram estudados em algum momento na minha graduação em filosofia. Se minha memória não estiver falha, é Walter Benjamin quem analisa Klee. Com relação a Kandinsk, estudei sobre a relação entre a mística e a arte abstrata.
É nesse ínterim que Foucault vai tratar acerca do caligrama. Fiquei curioso acerca dessa forma poética desconhecida por mim. Lembrei da poesia concreta, mas percebi que é diferente. Caligrama é uma espécie de pictograma. Analisando morfologicamente: picto vem de imagem e grama de grafia, ou escrita. Dessa forma, leva a crer que é uma junção entre a imagem e a escrita ou, até mesmo, escrever formando imagens. Na foto dessa postagem está uma caligrama de Apollinare, o primeiro a utilizar a palavra caligrama no séc. XX. As vanguardas do início do século citado anteriormente acabaram popularizando esse tipo de escrita/grafismo. O design do texto complementa seu sentido.
Segundo Foucault, o caligrama possui um tríplice papel:
Ø Compensar o alfabeto.
Ø Repetir sem o recurso da retórica.
Ø Prender as coisas na armadilha de uma dupla grafia.
Cito o autor francês: “Acuando duas vezes a coisa de que se fala; por essa dupla entrada, garante essa captura, pois o discurso por si só e o desenho não são capazes”.
No caso da tela de Magritte, o desenho do cachimbo prolonga a escrita e completa o sentido que está faltando. Dessa forma, segundo Foucault, o texto desenhado do pintor belga é duplamente paradoxal: 1) pretende nomear o que não tem necessidade de sê-lo e 2) no momento em que deveria nomear faz uma negação – isso não é um cachimbo.
São três as interpretações do enunciado desenhado com letras cursivas na tela da primeira versão de Magritte:
I. Isto (o desenho do cachimbo) – não é – um cachimbo.
II. Isto (o próprio enunciado desenhado na tela) – não é – um cachimbo.
III. Isto (o conjunto constituído por um cachimbo em estilo caligráfico e por um texto desenhado) não é um cachimbo (elemento misto que depende do discurso e da imagem) – não é um cachimbo.
“Magritte quer reconstituir o lugar-comum à imagem e à linguagem”. Existe uma série de negações – quadro, a frase escrita, o desenho do cachimbo – em que tudo não é um cachimbo. Curiosidade apontada por Foucault: as letras cursivas lembram a de um mestre que está ensinando uma turma a escrever.
Já estou ansioso pela próxima postagem em que comentarei esse livro, pois Foucault irá comparar as obras de Magritte com Paul Klee e Kandinsk. Esses dois últimos citados foram estudados em algum momento na minha graduação em filosofia. Se minha memória não estiver falha, é Walter Benjamin quem analisa Klee. Com relação a Kandinsk, estudei sobre a relação entre a mística e a arte abstrata.
gostei da explicação
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