quinta-feira, 26 de novembro de 2009



My father: Edgar Allan Poe.
"The sentence - the dread sentence of death - was the last of distinct accentuation which reached my ears."
(Poe; The pit and the pendulum)

Pedras escorregadias

Porque sofro por amor? Devo me ausentar, tentar fugir de meus desejos? Quão doce é o colo de meu amor!
Meus olhos só enxergam o belo, o feio sou eu. Meus sentimentos estão confusos, mas minha lucidez é plena.
Acho que não consigo me controlar, a dor no peito é insuportável. As palavras não comportam os alfinetes que ferem meu coração.
Na trilha de um amor quase que impossível as pedras são muito escorregadias e as árvores do caminho sufocam o andarilho.

domingo, 15 de novembro de 2009


“Em primeiro lugar declarei-me pelo olhar: e os seus olhos responderam-me com encorajamentos carinhosos. A muda linguagem, precedendo a voz, soube exprimir com eloqüência e repentino e recíproco ardor que nos fazia suspirar.”
(Satíricon, Petrônio)

domingo, 8 de novembro de 2009


Um dos meus sonetos preferidos; é simplesmente fantástico:



Versos íntimos

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão – essa pantera –
Foi a tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade também de ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa ainda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

(Augusto dos Anjos)

sábado, 7 de novembro de 2009

Diga que me ama



Diga que me ama com o olhar,
Mesmo falando que me odeia.
Sei que me odeia por me amar.
Quero ambos; amor e ódio se
misturando numa dança sensual.
Místicos devaneios eróticos fundem-se
em beijos duradouros.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009


Apesar de não possuir uma câmera fotográfica profissional, um dos meus "hobbies" preferidos é captar imagens interessantes. Essa foto, por exemplo, foi tirada em uma cidade do interior. Ela (a foto, que agora possui total autonomia) passa uma paz e uma tranquilidade. Ao mesmo tempo essa imagem tem uma sombra muito imponente que causa um esforço no obsevador para analisar os seus componentes.

Mim mesmo


Odeio estar assim. Eu, senhor de mim mesmo!
Os sentidos me dominam, pareço não me controlar.
Queria poder amar como todos amam.
Sinto-me estrangeiro em terra de todos.
Amo quem não posso amar, escrevo o que não devo escrever,
por isso canto para escapar.
Mas essa saída me trai, me joga contra a parede e me
deixa mais exposto.
Quero cantar, cantar para ti. Hoje amo a mim mesmo para
não amar quem vai a esmo. Já não interessa o luar. Canto
para quem não devo amar, canto para mim mesmo. Prefiro
o sol …
O cantar me entrega.
Por isso entrego o meu cantar a quem não devo amar.
Despojo-me no teu amor como um livro em uma biblioteca
e tento enganar.
É o que faz o cantar.
Faz com que não se saiba quem eu ão devo amar, e faz
com quem eu devo amar saber que eu amo a mim mesmo.
02.01.2007
Figueiredo Neto