quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ANTÔNIO CARLOS VIANA - NO MEIO DO MUNDO - LITERALMENTE


Nas segundas-feiras não trabalho durante o dia. É o dia da semana que utilizo para resolver pendências; se não houver utilizo como dia de lazer. Vou ao mercado central comprar meu queijo, beber uma dose de “milone” etc. Como também já é de costume vou aos sebos “populares” – isso mesmo, existe sebo (venda de livros usados para elites – da capital. No sebo “Dinossauro” encontrei um livro de contos de Antônio Carlos Viana. Há tempos vinha tentando ler algo desse autor, a procura se intensificou quando participei da palestra apresentada por ele sobre o poeta João Cabral de Melo Neto. Nome do livro: “ O meio do mundo e outros contos” pela Companhia das letras. Como é característico desse gênero literário, o talento do autor é expresso na habilidade de segurar o leitor até o final de sua narrativa. Além dessa característica, Viana apresenta em seus personagens características que fazem deles – explicitamente – universais. Eventos traumáticos ou que representem um ritual de iniciação são comuns nos contos desse livro.
Sempre elejo os contos que mais me chamam atenção, da mesma forma que as cenas dos filmes, dessa vez foi o conto: “O dia em que Céu casou”. O narrador personagem é o irmão da noiva (céu) que se vê metido nos preparativos para o casamento da irmã. Esse garoto dorme na mesma cama com outra irmã e o quarto de Céu está sendo preparado para as núpcias. Ela iria casar com um agrônomo da capital para felicidade da família, só a avó reclama por achar ela novinha demais. Os primos do garoto informam o que iria acontecer à Céu na noite nupcial – fica com pena da irmã. Sem delongas, visto ser um conto, na noite aguardada, após o casamento, o garoto acorda grudado com sua irmã, tinha ejaculado. Os eventos desse conto são tão cativantes que o final dessa história leva a pensar um ser humano desprovido das amarras sociais. Ao mesmo tempo o personagem central vai aprendendo seu lugar na sociedade. Como voltei a Le “Eros e civilização – uma interpretação filosófica do pensamento de Freud”, os conceitos de Princípio de realidade e Princípio de Prazer vêm à tona quando li o livro de Viana. Freud fica para outra postagem.

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