domingo, 22 de agosto de 2010

E NASCE UMA BANDA [a que participo]

Quero logo me descculpar pela qualidade ruim do vídeo, principalmente do som. Contudo, a pedido de leitores desse blog, esse vídeo mostra uma de minhas primeiras composições e o arranjo feito pelos outros integrantes da banda. Deixem sinceros comentários.

Baixo - Luís.

Guitarra- Bob Lopes.

Bateria - Douglas.

Voz e violão - J. Neto [Figueiredo]

Janela

Vermelho é a cor que vejo dentro dos olhos de uma mulher que passa.
Algo acontece na cidade que parece adormecida.
Sinto um pulsar em meus dedos,
Uma vontade louca de fugir.

Queremos escapar da prisão que nos liberta.
Deixamos a porta sempre aberta para uma nova espera.
Saímos de cela em cela,
Tentando escapar por uma janela.

A brisa fria é sufocante,
Sinto adrenalina nas veias.
O amor é vendido em uma esquina,
Por um preço tão alto que não tenho como pagar.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Um parente insistente - O primo Basílio



Estou lendo “O primo Basílio” de Eça de Queirós, porém assisti a produção cinematográfica brasileira adaptada desse clássico da literatura. Estou no capítulo 5 do livro e confesso: estou encantado com a narrativa. As descrições psicológicas, que já considero realista, expressam a forma humana de maneira singular – um ser humano interesseiro, conformista, adúltero, preocupado com as convenções sociais –, com certa “melancolia enevoada”. Eça de Queirós era um verdadeiro popstar no Brasil na época da edição desse livro, mesmo com sua fama nunca tinha lido seus livros mais famosos como, por exemplo, Os Maias e O crime do padre Amaro. O único livro que já li desse autor português foi Alves e Cia (reli duas vezes).
Observem uma referência ao Brasil em O primo Basílio:
“Via-se no Brasil, entre coqueiros, embalada numa rede, cercada de negrinhos, vendo voar papagaios.”
Outra:
“A Bahia não o vulgarizara.”
Bem, gostaria de comentar o filme outrora assistido. Gostei da adaptação ao contexto brasileiro do final da década de 50 e início dos 60. Gostei das atuações, principalmente do ator toxicomaníaco Fabio Assunção como Basílio. Contudo, uma coisa fez com que desabasse essa produção: as cenas de sexo foram de muito mau gosto. Não gosto daquilo que fizeram, parecia uma sessão do Cine Privé. O que lembro com saudade do filme foi a atuação poderosa de Glória Pires, agora acostumada com papéis de gente pobre – lembrar da mãe do Lula nos cinemas.
Voltando aos 5 capítulos do livro já lidos. A descrição dos personagens principais foi realizada:
1-Jorge: engenheiro de minas, casado com Luísa, preocupado com o que vão falar de sua esposa.
2-Luísa: casada com Jorge, vive uma vida feliz e se irrita com Juliana, sua empregada; adora ficar excitada ao ouvir os casos extraconjugais de sua amiga.
3-Leopoldina: a libertina, adúltera, amiga de Luísa, a única que não se preocupa com as convenções sócias.
4-Basílio: primo de Luísa, aventureiro, encantava a todos.
A vida na sociedade lisboeta é retratada com muita propriedade nesses capítulos. Todos esses personagens expressam os sentimentos do final do séc. XIX. Vejamos suas relações:
Jorge (1) e Luísa (2) – casamento regular, vida rotineira; ele gostaria muito de ter filhos.
Jorge (1) e Juliana (3) – é a empregada do casal, pois ela ajudou (com intenções) sua velha tia.
Jorge (1) e Leopoldina (4) – o cidadão perfeito odeia a devassa da Leopoldina; quando Jorge viaja a trabalho proíbe a presença de Leopoldina em sua casa. Jorge pede a um colega para vigiar sue esposa quando ele estiver fora.
Luísa (2) e Leopoldina (4) – amigas de infância; são confidentes.
Incrível como encontro pessoas com essas mesmas características no círculo social que convivo. As classes sociais são representadas nesses personagens; irei comentar mais sobre esse livro até terminar sua leitura.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Só entenderá essas fotos se ler a portagem anterior

O cine vitória é bem ali.





TRISTEZA DE UM LADO ALEGRIA DE OUTRO







Há alguns meses atrás ouvi uma notícia interessante no telejornal local: o ministério público determinou a restauração das pinturas do prestigiado Jenner Augusto que estão localizadas no antigo restaurante Cacique. A assinatura do artista data de 1949 e essa obras estão se deteriorando cada vez mais. Essa minha última ida ao centro da cidade me deixou triste ao ver que nada foi feito ainda e a situação só piora. Não resisti, tirei fotos que estão postadas aqui. Desculpe pela qualidade das fotos das pinturas, visto que tremia perante o odor de urina que o antigo restaurante possuía. Quem diria que os políticos e intelectuais se encontravam naquele local?
“Do outro lado do rio”, digo, do outro lado da rua algo me deixou feliz em detrimento da tristeza causada pelo descaso público com as obras de Jenner Augusto. A Rua 24 Horas, que estava sendo reformada a não sei quantos anos, está quase pronta para reabrir. Tinha ouvido essa notícia também no noticiário local e informava que o cinema Vitoria também iria reabrir – quase gritei de alegria. Se quisesse ir ao cinema teria que me dirigir ao um shopping da cidade. Trocadilhos à parte, isso me incomodava profundamente, visto que o templo do cinema era maculado pela imposição capitalista e mercadológica de um estabelecimento como esse. Odeio Shopping! Certo que a Rua 24 Horas é considerada um mini-mini shopping, mas mesmo assim é melhor.
Vejam as fotos.






domingo, 15 de agosto de 2010

ÍNDIO ADORA COMER SARDINHA


“Porém, amor à pátria – entenda-se bem – mesmo profundo e ardente, não protege contra a burrice”(Aber Vaterlandliebe, - man erwäge wohl, - möge sie auch tief und glühend sein, schützt vor Dummheit nicht). Essa frase de Tobias Barreto, escrita originalmente em alemão, me fez pensar em certas questões. Ao ler o livro de Beatriz Góis Dantas – Xocó: grupo indígena de Sergipe – pude perceber quão cruel foi a colonização nessas terras do “Sertão do rio real”. Quando falamos em indígenas lembramos imediatamente em tribos amazônicas e naquela região norte. Porém, onde hoje pisamos anteriormente foi habitado por inúmeros nativos. Como tantos índios foram massacrados? Desconhecia a presença indígena e nunca vi nas rodovias do menor estado da federação placas indicando reservas destinadas aos índios. Ao ler o livro anteriormente citado e observando as fotos contidas nele, percebi que essa “tribo” tinha perdido quase todas as características que nos lembrasse indígena. O que realmente ocorreu aqui?
Reza a lenda que o primeiro bispo do Brasil, bispo Sardinha, vinha numa nau que naufragou entre Sergipe e Alagoas. Os índios que habitavam nessa região não se fizeram de rogados e, antropofágicos como eram, mataram e comeram nosso primeiro bispo católico. Que evento emblemático esse! Antropofágico! Dizem que após esse evento a caçada aos índios nessa região foi implacável. A primeira expedição para conquistar essas terras foi liderada por Luis de Brito e tinha como objetivo punir os tupinambás por abandonarem a catequese, mas os índios voltaram e foi necessário mandar outra expedição. Dessa vez Cristóvão de Barros chegou com 5000 homens – Japaratuba, Pacatuba, Siriri e outros caciques foram mortos e suas tribos chacinadas.
Que terrível! O patriotismo e o ufanismo sergipano não devem fazer com que esqueçamos essas atrocidades. Mas o fato do primeiro bispo do Brasil ser comido pelos índios me deixou feliz. Não pela morte do religioso, mas por ser cômico – como é o título dessa postagem. Preciso escrever uma música sobre isso.


sábado, 14 de agosto de 2010

O poema desse final de semana, não consigo parar de ler...


CÁLCULO
Amar-te
não foi o acaso
nem a loucura
mas o cálculo certo
do beijo
do gesto
de multiplicar a vida
sem susto
nem o absoluto medo
de errar
Errei pelos teus caminhos
Dei saltos no abismo
Fui a improvisação
A inacabada
Sobrei
Depois...
nada mais havia a fazer.
(Núbia Marques, escritora sergipana)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

DIA DO ESTUDANTE - MAIS UMA VEZ



In vino veritas (no vinho está a verdade). Não! Não ingeri uma gota do precioso líquido ofertado a Baco – ou Dionísio, deus do vinho – ao escrever essas palavras. Apesar de ser professor e gostar – até agora – do que faço, sempre fui crítico da classe estudantil que ainda faço parte. Hoje, como uma data especial, irei defender os estudantes; não de forma romantizada, mas cheia de sentimentos e apreço.
Minha crítica pueril e inicial aos estudantes era de não ser necessário ser bom aluno para garantir uma vida feliz. Para sustentar essa tese afirmava que os índios não estudavam e eram super felizes. Só agora entendo que à medida que os seres humanos se encontram em uma sociedade a transmissão de conhecimentos se faz necessidade básica para a própria sustentabilidade dessa sociedade. Contraponho à minha hipótese inicial: nas sociedades indígenas as “escolas” são substituídas por outras formas que transmitem o saber.
OBS: Os mais velhos, nas sociedades indígenas, são considerados mais sábios.
Talvez a criação da primeira instituição com a responsabilidade de educar foi criada na Grécia – a academia de Platão. Nas sociedades contemporâneas ocidentais a escola tem um papel fundamental; portanto os estudantes são o centro dessa instituição.
Juntar pessoas e tentar criar nelas o espírito apto ao conhecimento é algo difícil. Tentar criar a consciência crítica nos estudantes é algo doloroso. Mas a mágica de uma escola está nos próprios estudantes que, com suas personalidades diversas, nos trazem momentos de pura alegria e nostalgia. Vejo-me em meus alunos que repetem muito do que já fiz. Defendo os estudantes só hoje, que é um dia especial, mas amanhã tudo volta e os atacarei, repreenderei e provocarei, da mesma forma que fizeram comigo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Silveira ou Rodrigues? Briga inteligente

[Foto: Pirografura do artista sergipano Bosco Rolemberg que foram feitas na prisão na época da ditadura e liberadas com a anistia, tive a portunidade de contemplar suas obras em sua última exposição na galeria Álvaro Santos]
Fragmento da entrevista de Joel Silveira a Geneton Moraes Neto
Geneton: O que é que ficou da convivência com Nelson Rodrigues?
Joel: Uma vez, na redação da Última Hora, eu estava escrevendo à máquina, depressa, porque, no fundo, o que sou mesmo é um bom datilógrafo. Lá estava eu escrevendo, com os dez dedos. Nelson chega, fica em pé diante de minha mesa, em silêncio. De repente, diz: “Patético!” E vai embora. Então fui até a mesa onde ele trabalhava, fiquei uns dois ou três minutos olhando em silêncio e disse: “Dramático!”. Eu não tinha nada contra Nelson Rodrigues, mas não gosto daquela coisa escatológica que ele cultivava. Nelson Rodrigues, no fundo, era, na vida pessoal, um homem de um moralismo atroz. Não bebia, não fazia farra, não tinha amantes.
(Caros Amigos; ano IV; Nº 37, Abril -2000)
Figueiredo: Fico com os dois.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O GÊNERO INFANTIL




A dubiedade do título foi posta propositalmente. Questões de gênero na tenra idade são muito discutidas, como, por exemplo, se a menina deve brincar de carrinho ou de bonecas. Contudo, a intenção desse texto é discutir ingenuamente o gênero conhecido como literatura infantil. Tive oportunidade de comparecer a um lançamento de um livro desse gênero no mês passado – “O monstro de chocolate” (2010), da garota sergipana Alice Vitória – no palácio-museu Olímpio Campos. Foi durante o evento que surgiram alguns questionamentos acerca desse tema.
A própria autora do livro citado anteriormente é uma criança, ou seja, uma escritora mirim escrevendo para crianças. A divulgação de livros infantis é muito pequena se comparada com os juvenis e adultos. Em muitos momentos essa distinção etária não é válida para separar leitores. Exemplos de livros que devem ser lidos por todas as idades:
1 – Alice no país das maravilhas (Lewis Carrol)
2 – Histórias de Fadas (Oscar Wilde)
3 – O pequeno Príncipe (Saint-exuperry)
Poderia elencar inúmeros livros. Atender o público infantil é uma tarefa extremamente complicada, pois ao mesmo tempo em que vai se formando leitores, o tratamento a eles deve ser cuidadoso. Não é só porque são crianças que se deve escrever qualquer coisa. Agora a duplicidade de sentido do título irá servir: já vi pais proibirem seus filhos (literalmente do sexo masculino) de ler na infância para não se tornarem homossexuais. A questão do gênero literário infantil é determinante no gênero sexual? Espero que essa resposta seja respondida de forma sensata.
Lembro, também, de Vinícius de Moraes e seus comparsas que dedicaram uma parte de sua obra musical às crianças. Adorei a idéia de que crianças podem tornar escritoras. Isso me fez lembrar-se de María Zambrano, escreverei algo sobre essa filósofa (que começou a escrever na infância) futuramente.
OBS: Uma das lembranças de minha infância foi a de escrever e produzir livretos para a leitura de um amigo Carlos Rubens, não sei se ele se lembra disso.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Taxi Driver, o 1º filme legal que assisti com De Niro

A “Ilha do medo” foi o último filme do Scocesse que assisti. Um filme de conflito psicológico muito bom. Não sei se já escrevi anteriormente sobre o novo papel de uma feira livre para meus domingos, se não o fiz, agora vai: comprar filmes piratas. Antigamente, quando aguardava um filme sair dos cinemas gritava:
- Já está nas locadoras!
Não tenho muita saudade desse tempo devido à péssima qualidade das fitas VHS. Agora gritamos:
- Já chegou à feira!
Devo dizer que até a facilidade de adquirir DVDs piratas na feira tem me decepcionado – além de não ter filmes muito bons, para facilitar os downloads essas unidades estão vindo sem o áudio na língua original ou sem legenda. Como as coisas mudam rápido atualmente!
Nesse último domingo tive a felicidade d encontrar na feira o “Taxi driver”, do diretor Martin Scocese. Dessa vez com legenda, áudio original e menu. Tudo nos conformes. Tive um êxtase quando terminei de assistir esse filme. Um taxista (Robert de Niro) recém-chegado ao emprego só trabalha durante a noite nova-iorquina. O cenário é povoado por prostitutas e viciados; esse personagem afirma ser necessário limpar as ruas dessa escória. Ele se apaixona por uma bela loira que trabalha na campanha de um Senador para a presidência [outro pano de fundo da trama – a política americana].
No início, a bela personagem se interessa pelo taxista que a convida para o cinema, mas a apresentação de um filme pornô a deixa perturbada e sai do cinema correndo. A partir desse momento, ela não atende mais seus telefones e o rejeita completamente. Parece que o personagem do De Niro enlouquece a partir disso.
O taxista compra armas clandestinas e começa a ficar neurótico. A princípio não se sabe a intenção da aquisição das armas, mas logo fica exposto seu intento de assassinar o político que a bela loira – fonte de seus desejos reprimidos – trabalha na campanha.
Sem delongas: o personagem muito bem interpretado do De Niro não fica com a loira, se envolve com uma série de gângsteres e cafetões. A cena final é um banho de sangue. Não posso deixar de falar da participação de Jodie Foster como uma prostituta adolescente. Linda!
Como uma sátira da política americana e crítico do american way of life, esse filme é muito contundente a respeito dos aspectos psicológicos produzidos pele própria sociedade americana. Acredito ser esse filme a inspiração de Michael Moore para ter feito “Tiros em Columbine”.

Darwinismo, um tiro certo pela culatra



Charles Darwin foi uma das personalidades científicas que mais influenciaram o pensamento na história dos homens. A teoria da evolução biológica das espécies lhe pertence; ao menos foi o primeiro a publicar, visto que existe uma querela na patente desse pensamento. Se foi Darwin, não interessa, a questão é que a afirmação científica de que o ser humano é mais um animal no processo evolutivo retira o caráter de superioridade de que o ser humano sempre teve. De outra maneira: o darwinismo retira o humano do centro do reino animal; o ser humano é mais um no meio evolutivo. Segundo essa teoria a evolução é pressionada pela necessidade de adaptação ao meio, obrigando os seres a se transformar continuamente – seleção natural. A complexidade aumenta de acordo com o nível de seleção e adaptação. Os mais evoluídos sobrevivem.
Se pensarmos unicamente no ser humano, no que escreve essas palavras e no que lê esse texto, o último estágio da evolução é o que pode ser visto hoje. Você, por exemplo, é resultado mais aprimorado da evolução.
As concepções darwinistas biológicas foram transportadas para o pensamento acerca da sociedade – darwinismo social. A sociedade deve evoluir da mesma maneira que o ser humano evoluiu, ou seja, estamos em uma organização social que está no nível mais alto. Essa adaptação social seria a garantia da sobrevivência dos indivíduos que a compõem. Perigo: esse darwinismo social justifica a dominação de sociedades consideradas inferiores por outras que se julgam superior.
O colonialismo do séc. XVI – é só lembrar a “era dos descobrimentos”, inclusive o do Brasil – e o neocolonialismo do séc. XX – “lembrar da partilha da África” – se revestiam de ma aparência humanitária, numa tentativa de civilizar e deixar os povos conquistados no mesmo nível de evolução social. Isso ocultava a violência das ações dos colonizadores.
Não bastasse essa atitude preconceituosa relacionada à pretensa superioridade de sociedades, alguns conceitos de Darwin foram interpretados de maneira errônea. Um dos principais conceitos adotados indevidamente é o de espécie; se biologicamente as espécie se diferenciam em mais ou menos evoluídas, socialmente essa categoria não pode ser levada em consideração. A espécie humana, com uma sociedade técnica mais desenvolvida vai achar que sua superioridade também é étnica. Exemplo: o branco europeu se considera mais evoluído que o negro africano; evoluído biológica e socialmente.
Não quero entra na discussão acerca do mercado – causa depressão pensar nele: a sobrevivência do mais forte é aplicada ao comércio (liberalismo).
As conclusões darwinianas devem tê-lo enchido de orgulho, mas as conseqüências interpretativas devem fazer com que seus ossos se mexam em seu túmulo. Foi um tiro certeiro na mira, mas que pode sair pela culatra.