sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Um parente insistente - O primo Basílio



Estou lendo “O primo Basílio” de Eça de Queirós, porém assisti a produção cinematográfica brasileira adaptada desse clássico da literatura. Estou no capítulo 5 do livro e confesso: estou encantado com a narrativa. As descrições psicológicas, que já considero realista, expressam a forma humana de maneira singular – um ser humano interesseiro, conformista, adúltero, preocupado com as convenções sociais –, com certa “melancolia enevoada”. Eça de Queirós era um verdadeiro popstar no Brasil na época da edição desse livro, mesmo com sua fama nunca tinha lido seus livros mais famosos como, por exemplo, Os Maias e O crime do padre Amaro. O único livro que já li desse autor português foi Alves e Cia (reli duas vezes).
Observem uma referência ao Brasil em O primo Basílio:
“Via-se no Brasil, entre coqueiros, embalada numa rede, cercada de negrinhos, vendo voar papagaios.”
Outra:
“A Bahia não o vulgarizara.”
Bem, gostaria de comentar o filme outrora assistido. Gostei da adaptação ao contexto brasileiro do final da década de 50 e início dos 60. Gostei das atuações, principalmente do ator toxicomaníaco Fabio Assunção como Basílio. Contudo, uma coisa fez com que desabasse essa produção: as cenas de sexo foram de muito mau gosto. Não gosto daquilo que fizeram, parecia uma sessão do Cine Privé. O que lembro com saudade do filme foi a atuação poderosa de Glória Pires, agora acostumada com papéis de gente pobre – lembrar da mãe do Lula nos cinemas.
Voltando aos 5 capítulos do livro já lidos. A descrição dos personagens principais foi realizada:
1-Jorge: engenheiro de minas, casado com Luísa, preocupado com o que vão falar de sua esposa.
2-Luísa: casada com Jorge, vive uma vida feliz e se irrita com Juliana, sua empregada; adora ficar excitada ao ouvir os casos extraconjugais de sua amiga.
3-Leopoldina: a libertina, adúltera, amiga de Luísa, a única que não se preocupa com as convenções sócias.
4-Basílio: primo de Luísa, aventureiro, encantava a todos.
A vida na sociedade lisboeta é retratada com muita propriedade nesses capítulos. Todos esses personagens expressam os sentimentos do final do séc. XIX. Vejamos suas relações:
Jorge (1) e Luísa (2) – casamento regular, vida rotineira; ele gostaria muito de ter filhos.
Jorge (1) e Juliana (3) – é a empregada do casal, pois ela ajudou (com intenções) sua velha tia.
Jorge (1) e Leopoldina (4) – o cidadão perfeito odeia a devassa da Leopoldina; quando Jorge viaja a trabalho proíbe a presença de Leopoldina em sua casa. Jorge pede a um colega para vigiar sue esposa quando ele estiver fora.
Luísa (2) e Leopoldina (4) – amigas de infância; são confidentes.
Incrível como encontro pessoas com essas mesmas características no círculo social que convivo. As classes sociais são representadas nesses personagens; irei comentar mais sobre esse livro até terminar sua leitura.

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