quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Darwinismo, um tiro certo pela culatra



Charles Darwin foi uma das personalidades científicas que mais influenciaram o pensamento na história dos homens. A teoria da evolução biológica das espécies lhe pertence; ao menos foi o primeiro a publicar, visto que existe uma querela na patente desse pensamento. Se foi Darwin, não interessa, a questão é que a afirmação científica de que o ser humano é mais um animal no processo evolutivo retira o caráter de superioridade de que o ser humano sempre teve. De outra maneira: o darwinismo retira o humano do centro do reino animal; o ser humano é mais um no meio evolutivo. Segundo essa teoria a evolução é pressionada pela necessidade de adaptação ao meio, obrigando os seres a se transformar continuamente – seleção natural. A complexidade aumenta de acordo com o nível de seleção e adaptação. Os mais evoluídos sobrevivem.
Se pensarmos unicamente no ser humano, no que escreve essas palavras e no que lê esse texto, o último estágio da evolução é o que pode ser visto hoje. Você, por exemplo, é resultado mais aprimorado da evolução.
As concepções darwinistas biológicas foram transportadas para o pensamento acerca da sociedade – darwinismo social. A sociedade deve evoluir da mesma maneira que o ser humano evoluiu, ou seja, estamos em uma organização social que está no nível mais alto. Essa adaptação social seria a garantia da sobrevivência dos indivíduos que a compõem. Perigo: esse darwinismo social justifica a dominação de sociedades consideradas inferiores por outras que se julgam superior.
O colonialismo do séc. XVI – é só lembrar a “era dos descobrimentos”, inclusive o do Brasil – e o neocolonialismo do séc. XX – “lembrar da partilha da África” – se revestiam de ma aparência humanitária, numa tentativa de civilizar e deixar os povos conquistados no mesmo nível de evolução social. Isso ocultava a violência das ações dos colonizadores.
Não bastasse essa atitude preconceituosa relacionada à pretensa superioridade de sociedades, alguns conceitos de Darwin foram interpretados de maneira errônea. Um dos principais conceitos adotados indevidamente é o de espécie; se biologicamente as espécie se diferenciam em mais ou menos evoluídas, socialmente essa categoria não pode ser levada em consideração. A espécie humana, com uma sociedade técnica mais desenvolvida vai achar que sua superioridade também é étnica. Exemplo: o branco europeu se considera mais evoluído que o negro africano; evoluído biológica e socialmente.
Não quero entra na discussão acerca do mercado – causa depressão pensar nele: a sobrevivência do mais forte é aplicada ao comércio (liberalismo).
As conclusões darwinianas devem tê-lo enchido de orgulho, mas as conseqüências interpretativas devem fazer com que seus ossos se mexam em seu túmulo. Foi um tiro certeiro na mira, mas que pode sair pela culatra.

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