terça-feira, 4 de janeiro de 2011

LUTA INTESTINA



“É muito mais difícil matar um fantasma do que matar uma realidade”. (Virgínia Woof, 1882-1941)
As crenças não provadas pela ciência são mais dificultosas de serem superadas. Penso em um exemplo: o medo, que atravessa gerações, do “bicho-papão”. Não gostei dessa exemplificação, mas não consigo pensar em outro no momento.
Crer na realidade não é tão difícil, mas como ela é crua e impactante não queremos enxergar o real. Penso outro exemplo: que o ser humano é capaz de pensar e realizar um campo de concentração. Gostei dessa exemplificação real e inacreditável.
Estou terminando de ler “Henry e June”, de Anaïs Nin. Essa é uma obra retirada dos diários dessa autora de 1931 a 1932. U ano somente foi capaz de render uma das obras mais marcantes que já li. Tinha lido outras obras dessa autora, famosa por suas histórias eróticas. Contudo, confesso que “Henry e June” foi o que mais gostei.
Anaïs Nin conta suas experiências de sua libertação sexual com Henry Miller e sua esposa June. Explicando: Anaïs fez sexo com ambos. Claro! Um por vez. Anaïs era bissexual? Não sei. Mas ela fazia seções de psicanálise. Ela mesma afirma:
“A análise [psicanálise] me faz sentir como se eu estivesse me masturbando em vez de fodendo”.
A tentativa singular da autora em se libertar das amarras moralistas de uma se torna universal e faz com que suas experiências sexuais exprimam a luta intestina de autoconhecimento de um ser humano.
Henry Miller – escritor já renomado era apenas um fantasma para Anaïs. Porém, encarar a realidade de estar apaixonada pelo escritor (Henry) e pela sua mulher (June) a deixou transtornada. Ela já era casada com Hugh, mas já mantinha uma intensa relação com seu primo Eduardo. Foi uma mulher que amou intensamente. Lembro do início de um dos poemas de Fernando Pessoa:
“Beber a vida num trago e nesse trago todas as sensações que ela possa me ofertar”.

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