segunda-feira, 8 de novembro de 2010

UM NOVO LIVRO - DESSA VEZ UM ITALIANO



Iniciei a leitura de “O falecido Mattia Pascal”, de Luigi Pirandello. Esse autor é muito conhecido pela sua importância no teatro, mas essa nova coleção da Abril Cultural, que está semanalmente nas bancas, editou o primeiro romance desse autor italiano. Chamou minha atenção a adesão de Pirandello ao fascismo. Automaticamente lembrei-me de Heidegger, importante filósofo alemão contemporâneo, e sua adesão ao nazismo. Ambos partiram com seus partidos.
Inicio a leitura desse livro curioso sobre as vicissitudes dos personagens do início do século XX europeu, especificamente personagens italianos. Para quem não sabe fiz um curso de iniciação no italiano durante o primeiro semestre desse ano. Consigo ler coisas fáceis nessa língua bonita, não aprendi mais porque meu professor sempre dizia “Tu dimenticherai di fare gli esercisi”.
Irei comentar os dois primeiros capítulos que, por sinal, são muito interessantes.
CAPÍTULO I – Premissa
O personagem apresenta seu nome: Mattia Pascal. Existe uma nota de rodapé informando que os personagens de Pirandello têm suas personalidades refletidas nos nomes. Neste caso: Mattia vem de matto = louco; Pascal, importante filósofo, cuja principal afirmação é “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. O narrador personagem informa que trabalhou numa biblioteca deixada pelo senhor Bocamazza ao município de uma cidade de pessoas estúpidas. O narrador, Mattia Pascal, deixa seus manuscritos nessa mesma biblioteca, com a condição de que ninguém leia até que se completem 50 anos de sua terceira morte. O personagem narrador informa que já tinha morrido duas vezes. Explica que a primeira foi por engano e a segunda o leitor saberá.
CAPÍTULO II – Segunda premissa (filosófica)
É nesse segundo capítulo que Mattia informa a variedade de temas dos livros da biblioteca, inclusive libertinos. Tese apresentada nesse capítulo: os livros melhoraram consideravelmente depois da revolução copernicana, mas como conseqüência essa revolução arruinou a humanidade.
De uma maneira diferente: a mudança científica resultante da hipótese de Copérnico – corroborada pelas experiências de Galileu – trouxe uma mudança de mentalidade para a humanidade. A terra (e o homem) saiu do centro do cosmos, deixou de ser imóvel para ganhar movimento, sinal de degradação. Curiosa é a afirmação do narrador ao sofrer uma réplica que diz que a Terra sempre girou:
“- Não é verdade. O homem não sabia disso, então era como se não girasse.”
Essa mudança científica-astronômica fez com que o ser humano se reconhecesse infinitamente pequeno frente ao Universo sem sentido. Outra afirmação curiosa do personagem: “Nossas histórias são histórias de minhocas”.

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