quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O FUNERAL CONTINUA - PIRANDELLO E SU FALECIDO

O capítulo III chegou de maneira inusitada – li totalmente no ônibus. Ouvi notícias de pessoas que deslocaram a retina ao fazer leituras nesse tipo de transporte; creio que devido ao péssimo estado das rodovias. Não liguei e li esse capítulo inteirinho, como se estivesse deitado em minha cama. Assim que terminei, cedi meu lugar a um idoso. Como tenho medo da velhice! Tenho que ler novamente o que escrevi nesse mesmo blog no texto “Considerações sobre o tempo”.
Nesse capítulo o personagem conta uma história bem emblemática e reitera o que tinha afirmado anteriormente: na verdade não conhecera o seu pai, mas “o povo” de sua cidade sabia a história da fortuna de seu pai com detalhes. Interessante esse comportamento comunitário de criar histórias acerca da vida alheia e transformá-las em folclore.
“O povo” afirmava que o pai de Mattia Pascal ganhou uma partida de baralho em que estava apostando uma carga de enxofre com um capitão de um navio inglês. Com o lucro, o pai do personagem central aplicou em terras e ficou em boas condições financeiras.
A morte do pai de Mattia acabou por arruinar a vida deles, visto que a administração ficou nas mãos do inábil Malagna. Mas o personagem mais curioso desse capítulo é a Tia Scolástica. A irmã do falecido pai de Mattia possui uma personalidade interessante: é rabugenta, solteirona e orgulhosa. Tudo isso ao extremo. Acrescentaria uma depressão-psicótica, pois o narrador-personagem afirma que suas visitas eram de curta duração, pois se enfurecia rapidamente e saia de sem se despedir de ninguém. Essa tis de Mattia gostaria de ver a cunhada casada novamente para que ela se visse livre de Malagna que estava arruinando a família.
Nessa parte do livro, o narrador recrda de sua infância e de seu predecessor, Pomino. Este era um conhecedor de poesia que ensinava a Mattia e a seu irmão Berto.
Mattia se descreve como adulto: tinha o nariz pequeno, uma grande barba ruiva, com uma grande testa. Comparado com Berto, seu irmão, ele era feio.
Fiquei curiosíssimo ao ver a citação de um autor por mim desconhecido: Bandello. No trecho em que o personagem promete narrar seu casamento em detalhes, cita Boccaccio e esse nome por mim desconhecido. Boccaccio e seu erotismo já são conhecidos por minha mente, mas Bandello não. Em uma nota de rodapé há uma informação que este escritor foi seminarista e conheceu Leonardo Da Vinci – com essa amizade e tendo seu nome colocado ao lado de Boccaccio espero mais um autor legal.
OBS: O final da história “Um Domingo no parque” será postada em breve.


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