terça-feira, 30 de novembro de 2010

FEMINISMO ERÓTICO



Não resisto! Sempre que encontro uma referencia sobre o Brasil nos livros em que leio tenho que comentar com alguém. Estou utilizando o blog para tal intento. Primeiro, foi com “O Primo Basílio”, de Eça de Queirós. Agora estou lendo outra fera da literatura mundial: Anaïs Nin (1903-1977). Na verdade, é o segundo livro que leio dessa autora, visto ter lido “O Delta de Vênus”(1969) no ano passado. Essa escritora francesa que escreveu sua obra em inglês, pois passou parte de sua vida em Nova York, se tornou famosa pelas suas histórias eróticas. Fato peculiar em sua vida: foi amante de Herry Miller, importante escritor desse gênero literário em que os adeptos de sua leitura se escondem para ler. Já ultrapassei essa fase – leio Anaïs descaradamente. Passei a metade do livro lendo dentro de um ônibus.
É realmente uma escritora à frente de seu tempo. Precursora do feminismo soube exprimir com beleza toda a sensualidade e sexualidade feminina. O desejo humano é retratado com uma profundidade tão intensa que mesmo com uma tradução nas mãos é possível sentir a musicalidade de sua prosa.
Voltando ao que comentava no início do texto, no livro atual que estou lendo de Anaïs Nin – “Pequenos Pássaros” (1959) – observei em uma das histórias um referencia ao nosso Brasil. Citação:
“Dizia que, no Brasil, as pessoas faziam sexo como os macacos, a toda hora e sem problemas; as mulheres eram acessíveis e sempre dispostas; não havia quem não reconhecesse seu apetite sexual. [...] – No Brasil, você não pode se abaixar, senão ...”
Antes que alguma feminista recalcada possa entender a citação sendo uma apologia da mulher brasileira como mero objeto sexual, quero explicar algo. Até onde minha mente entende a literariedade de Anaïs, a busca pelo sexo por parte da mulher representa a sua libertação do jugo em que sempre foi submetida. Seus personagens encaram a questão da sexualidade – influenciada pelas “descobertas” freudianas – como um processo que tornará a mulher – e, por extensão, qualquer indivíduo – livre. Não é necessário que ela perca a delicadeza para que esse objetivo seja cumprido, suas historias marcam muito bem isso.
A intenção dos textos é realmente despertar e excitar o leitor – no ônibus tive que interromper a leitura. Tenho que postar o fim da história “Um domingo no parque”.

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