terça-feira, 24 de maio de 2011

SEM CORAÇÃO [parte 2]

Não falava uma palavra sem mexer no nariz. Foi nesse momento que ele observou no céu uma estrela cadente. Infelizmente só pude ver o final desse fenômeno – um dos mais bonitos da natureza. Ele fez um pedido inaudível aos meus ouvidos. Logo após percebi que ele realmente estava com problemas. Começou a contar uma história sem pé nem cabeça. Afirmava a todo o momento que já possuía dinheiro para comprar uma moto. Disse, ainda, que tinham arrombado sua casa e atirado seu sofá na maré. Quando tinha chegado ao começo da rua em que mora, ou seja, no alto da ladeira, pôde observar seu sofá boiando nas águas poluídas e salgadas da maré que, como disse anteriormente, era o final da rua. Sandro disse que não sabia como e quando sua casa foi arrombada, pois estava fora há três dias. Estou louco para contar logo seu assassinato, porém é muito importante contar como foram meus últimos contatos com ele – não quero botar a carroça na frente dos bois.  Nesse mesmo dia afirmou estar sofrendo uma perseguição. Não entendi a princípio e não dei importância ao que ele falava, mas segurou meu braço e apertou:
- Acho que querem me matar, mas não sei quem é. Ontem a noite estava deitado na cama e ele tirou uma telha e ficou me observando lá de cima. Só seu para ver a parte branca de seus olhos. Não conseguia me mexer de medo e pegue no sono; quando acordei a telha estava faltando.

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