quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

UM GRITO SILENCIOSO



Um grito não audível ecoa na mente. Dura cerca de um minuto e meio. Meus lábios apenas pronunciaram – “que legal” – palavras de agradecimento. A curiosidade já deve “martelar” algumas mentes, pois: qual seria o motivo desse grito inaudível? Um grito que não brota dos pulmões e das cordas vocais, mas de um recôndito abaixo do estômago – semelhante à sensação de encontrar a pessoa amada. Chega de invenção! O motivo de tal devaneio foi a chegada de um livro em minhas mãos. Um objeto de fetiche como esse é capaz de fazer tudo o que foi descrito acima.
“Almoço nu” (Naked lunch), de Willian S. Burroughs, foi o livro que chegou às mãos pela manhã. Um amigo de infância – Carlos – foi o sacerdote que trouxe o objeto de oferenda aos deuses. Certamente o grito ecoado em minha mente não foi percebido por ele, visto ter entrado numa euforia interna sem precedentes. Qual a origem disso?
Primeiro motivo: a versão cinematográfica do livro de Burroughs ter sido gravada pelo diretor canadense David Croenemberg, o qual tenho profunda admiração. No Brasil esse filme recebeu o título – não sei por que – de Mistérios e Paixões.
Segundo motivo: Burroughs é considerado beatnick. Essa literatura americana que foge e combate os esquemas morais mais rígidos e hipócritas da sociedade. Já comentei sobre Bukowski em postagens recentes.
Devido a essa oferenda aos deuses, tive que interromper a leitura da obra que estava lendo: “O coração das trevas”, de Joseph Conrad. Curiosamente, também primeiro conheci a versão do cinema desse livro – Apocalipse Now(1979), de Copolla.
Neste exato momento acabo de ler a sexta parte do livro de Burroughs que, aparentemente, não possui nenhuma conexão, mas percebo que uma das intenções do autor é causar um efeito alucinógeno semelhante ao dos personagens Outro beatnick! Estou viciado.

2 comentários:

  1. Pelo amor do Deus em que tu acreditares, depois que leres este livro, POR FAVOR, me empresta! Sempre foi um sonho de consumo meu... Prometo que compartilharei 'ad extremis' o GRITO SILENCIOSO (risos)

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  2. Cara, foi Carlos que me emprestou vou falar com ele sobre seu interesse.

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