quinta-feira, 13 de maio de 2010

Cícero - Da velhice



Na esteira de comentários acerca de filósofos romanos – já foi tratado sobre Sêneca no texto “Considerações sobre o tempo – me cerco agora de um texto belíssimo de Cicero: “Da velhice”. O autor e orador romano vai escrever sua obra a partir de 4 censuras que os antigos dirigiam à velhice, ou seja, a antiguidade dizia que a velhice é ruim por, a saber:
1ª) A velhice nos afasta dos negócios;
2ª) A idade tira-nos as forças;
3ª) Priva-nos dos prazeres;
4ª) Aproxima-nos da morte.
Não vou ater nos exemplos que Cícero usou, mas, usando o princípio da atemporalidade dos textos filosóficos, usarei de anacronismos, ou seja, exemplos da atualidade. Contudo, farei modestamente da mesma forma de Cícero: darei exemplos (atuais) para refutar essas censuras.
Refutação a primeira censura: “se os velhos não mais se ocupam dos negócios que dizem respeito aos jovens, é porque têm encargos mais graves a dirigir”. Vale a pena lembrar de Oscar Niemeyer que, com mais de 100 anos, executa seu trabalho de forma honorária, ou seja, tudo que faz hoje é só para coroar o seu trabalho quando jovem. A velhice não é um empecilho para a continuidade do conhecimento. “Sófocles compôs tragédias na mais alta velhice”.
Refutação a segunda censura: só um tolo preferiria ser Michael Felps (recordista olímpico de natação) do que Vátimo (Filósofo italiano que parece estar vivo). A força que o idoso deve ter é mais nobre que nadar 100 metros rasos sem um fôlego só. Por não ter exatamente a potência física o idoso deve concentrar suas “forças” em objetivos mais condizentes com sua idade.
Refutação a terceira censura: o autor romano parte de uma máxima – “não há prazer que ultrapasse o prazer do espírito”. Segundo Cícero, o idoso é privilegiado por, naturalmente, não ter pulsão pelo prazer dos sentidos que ofuscam o brilho da razão. Leiam: “as paixões que ele incendia precipitam-se cegamente, sem freio, em busca do objeto dos seus desejos”. Os prazeres corporais são buscados incessantemente pelos jovens – que bom! Não creio ser um privilégio; observo os velhinhos dizerem, com um amargo saudosismo, “quando eu era jovem”, “há se eu tivesse meus 20 anos”.
Nesse intervalo até chegarmos a ultima censura feito à velhice, o autor observa que os idosos carregam a imagem de serem irascíveis e difíceis, porém Cícero diz que isso não é defeito da velhice, mas dos costumes.
A última censura, a mais difícil e a mais temida; propositalmente deixada por último: a velhice aproxima-nos da morte. Leiam o texto de Cícero para saber como ele refuta essa censura – claro, se a proximidade da morte lhe perturba.

2 comentários:

  1. Bem.. professor,voçê aborfou muito bem de modo não muito direto sobre o que praticamente é a vida.. o tempo de vida pode nos trazer menos eficiênçia em alguma coisas ou praticas.. mas tudo vira experiênçia e nosso feitos ao menos devem ser lembrado e dependendo do mesmo.contado por muitos e muitos ano.. pelo menos eu o que o ser humano que procura se destacar dentre os outros preciza fazer.. e a morte.. só um contra-tempo,porque afinal de contas nada teria sentido se não fosse feito pra eternidade " a materia se vai,nossos pensamentos vagam".

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  2. Obrigado pelo comentário, Reginaldo. Contudo, a vida seria uma preparação para a morte; o envelhecer com sabedoria estaria em uma preparação para a morte. Leia esse livro que comento nesse texto. Um abraço!

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