quarta-feira, 15 de junho de 2011

SEM CORAÇÃO [parte final]


O mais chocante, sem sombra de dúvida, foi o estado do corpo de meu amigo. Não o chamo de amigo apenas porque está morto. Guardo uma afeição por ele. Não pude ver seu rosto; sua camisa foi levantada e cobria sua cabeça. Seu tórax estava exposto. Não sabia que possuía um sinal perto das costelas: uma marca negra e se forma definida. Sangue por todos os lados e pegadas vermelhas parecia fazer parte da decoração da cerâmica que revestia o chão. Ate hoje lembro a surpresa que tive ao perceber o horrendo rombo feito nas costelas de Sandro. Era um quadrado quase perfeito de onde jorrava muito sangue, mas dava para ver o branco das costelas. Cheguei à conclusão que tinham sido serradas porque, ao lado do corpo, estava um arco de serra todo melado com o líquido vermelho.
Dentro da casa já estavam duas pessoas e já podia ouvir os rumores que tinham arrancado o coração de Sandro. Acompanha tudo isso atônito, ma podia acreditar. Arrancaram o coração de meu amigo. Não se sabe se o coração fora arrancado com ele vivo; qual a diferença?
Sou péssimo em desenho, senão faria um para mostrar como era o arco de serra que abriu as costelas de Sandro. Consistia num arco parecido com o que lançam flechas, mas feito de aço que possuía três extremidades: uma para o apoio das mãos e as outras duas seguravam a lamina de serra. Essa lamina era de cor amarelada com serras minúsculas, porém tão poderosas que cortavam até alguns metais. O apoio para a mão era emborrachado. Estava todo melado de sangue. Imaginei como a barbaridade foi consumada; como aquela serra atravessara os ossos; de que modo teria feito o buraco na forma quadrada. Será que foi um médico que fez aquilo devido à precisão do corte?  Qual a intenção de deixar Sandro sem coração? Estaria ele envolvido em alguma seita de magia negra? Não sei. Nem a polícia queria saber. Nenhum familiar foi reclamar o corpo.

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