quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Triste fim de uma gota na Quaresma



Estou caindo! Lá vou eu novamente; sou uma gota de chuva e tento cumprir meu ciclo. Pena que estou sendo interrompida pela intervenção do homem.
Eu tão pura, límpida, quando chego a terra, em vez de ser sugada por ela me misturo com lixo. Tento escoar das estradas que o homem faz, mas os bueiros estão entupidos. Aí não deixo barato, faço uma porção de buracos nas pistas; eles ainda colocam a culpa em mim!
Preferia ficar sempre como nuvem, alva e pura, mas ouvi comentários com minhas amigas gotas que em um lugar, as nuvens estão sendo contaminadas: os homens chamam de chuva ácida. Que tupã nos proteja!
Preferia ser vapor d’água a ficar em um rio recebendo esgoto industrial; rios que os homens mudam o curso, desmatam as nascentes e margens e, quando pedimos o que é nosso, somos as culpadas. Não quero ficar co um complexo de culpa.
Devo aceitar sua intervenção? Não! Continuaremos sempre unidas, chorando pela natureza e a reclamar o que é nosso.
Estou caindo. Chegando perto. Não! No Tietê, não!
(Escrito em: 19/01/2004)

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